Ao longo das últimas décadas tem havido uma transformação na nossa forma de entender o atendimento às pessoas que sofrem de algum tipo de dependência. Essa transformação parte da implicação emocional dos familiares, dos profissionais e de todas as pessoas que pertencem ao ambiente imediato da pessoa dependente. Esta nova forma de entender o acompanhamento é chamada Atenção Centrada na Pessoa.
Devemos estar conscientes de que cada pessoa, quer tenha ou não algum tipo de dependência, é diferente, e que portanto é necessário estabelecer um atendimento personalizado para cada situação.
Tomar consciência de que a pessoa que precisa de cuidados continua a ter vontade própria e capacidade de decisão é fundamental para que a nossa ajuda tenha em conta as suas necessidades, respeitando a sua maneira de entender o mundo e os seus próprios cuidados.
Este trabalho é complicado, já que requer uma análise exaustiva e uma grande dedicação, não tanto física quanto emocional. Tomar consciência deste facto irá ajudar-nos a aceitar que tudo o que fazemos, e também aquilo que não fazemos, tem um grande impacto na pessoa cuidada. Um impacto que pode produzir sensações de bem-estar ou mal-estar nessa pessoa.
Numerosos especialistas estão de acordo em afirmar que as emoções permanecem intactas ao longo de toda a vida. Por isso devemos estar atentos à forma em que as pessoas dependentes recebem a nossa atenção ou vivenciam a sua dependência, e até que ponto podem intervir na tomada de decisões.
Longe de ser apenas um doente, a pessoa de quem cuidamos continua a ser um indivíduo com uma história vital única, com um estado de saúde sujeito a mudanças, um ambiente concreto, uma forma de sentir particular e uma ideia clara de como quer ser tratado.
Podemos definir a Atenção Centrada na Pessoa da seguinte forma:
- É uma abordagem em que a pessoa ocupa o centro da atenção.
- Nasce com o objetivo de promover a autonomia e prevenir a dependência.
- Propicia o máximo bem-estar possível, tanto a nível físico como emocional.
- Coloca uma ênfase especial na relação da pessoa dependente com o ambiente social, incluindo a pessoa que lhe presta os cuidados, os diferentes profissionais que a atendem ou a sua própria rede social.
- Está atenta ao ambiente físico da pessoa dependente, a fim de diminuir a invalidez e conservar e proteger tudo aquilo que possui um significado especial para ela, i.e., os objetos com valor sentimental, as recordações, os móveis, a decoração ou as cores, os sabores e os cheiros.
- Entende que a pessoa conserva a vontade e a capacidade de decisão, embora por vezes seja complicado conhecê-la porque apresenta uma deterioração acentuada.
É importante entender que, como cuidadores, profissionais ou familiares, não temos a obrigação de ser perfeitos, sobretudo quando a nossa realidade quotidiana é tão dura e complicada.
Mas convém lembrar que a informação é poder. Saber como é importante estarmos atentos à forma de nos relacionarmos com a pessoa cuidada, e à forma em que ela recebe os nossos cuidados, é fundamental para poder atingir o nosso objetivo de lhe proporcionarmos o máximo bem-estar possível.
Em seguida pode fazer download de um decálogo imprimível que o irá ajudar a ter em mente a atenção centrada na pessoa no seu dia-a-dia como cuidador. Lembramos ainda que, se subscrever a nossa newsletter, irá receber periodicamente informações úteis sobre o trabalho do cuidador, conhecimentos e exercícios práticos que visam melhorar a qualidade de vida das pessoas de quem cuidamos e também a nossa própria qualidade de vida.
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Raúl Vilar
Educador social, pós-graduado em Prevenção da Dependência e Promoção da autonomia, formador especialista em Reminiscência, Validação e Atenção Centrada na Pessoa.